Banco de Couro BH
Ainda é estranho dar a partida no motor e não ouvir nada. Mas não foi o caso dessa vez. O Smart faz tão mais sentido nessa versão elétrica que, para mim, é como se ele tivesse nascido assim. Você chega em casa à noite, liga o Fortwo na tomada por sete horas e tem de 100 km a 120 km de autonomia para rodar no dia seguinte. Emissão zero. E adeus posto de gasolina!
Os ganhos não ficam por aí. Sabe aquele câmbio automatizado chato, que dá trancos no Fortwo a combustão? Pois o elétrico tem transmissão automática CVT (continuamente variável), que deixa o compacto agradavelmente suave. Você pisa no acelerador, e o Smart deslancha rápida e silenciosamente, sem interrupções. O motor elétrico da Bosch que impulsiona as rodas traseiras gera 75 cv e 13,3 kgfm, o suficiente para acelerar de 0 a 60 km/h (velocidade limite das vias urbanas na Alemanha) em apenas 4,8 segundos. Quer andar mais? Pois os 100 km/h surgem em 11,5 s, enquanto a máxima bate nos 125 km/h – lembrando que esse carro não foi feito para encarar estradas.
O trânsito de Berlim é bem menos caótico que o de São Paulo, mas deu para perceber o quanto esse Smart seria útil nas metrópoles brasileiras. A direção me pareceu mais leve e precisa que a do modelo a gasolina, o que ajuda a driblar os outros carros e fazer balizas. Livre dos trancos da transmissão e do ruído do motor, fico com a impressão que os congestionamentos estressam menos. A única coisa que exige costume é a resposta dos freios, um tanto artificial e difícil de modular. O pedal é do tipo liga/desliga.
Exceto os freios, a dinâmica foi preservada do modelo original. Para deixar o centro de gravidade mais baixo (algo importante num carrinho alto e curto como o Fortwo), a bateria de 175 kg foi posicionada no assoalho. No trajeto urbano, pelo menos, não deu para notar diferença de estabilidade para a versão a combustão. No entanto, achei a suspensão ligeiramente mais confortável – e não foi efeito do asfalto quase impecável da capital germânica.
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